domingo, 10 de outubro de 2010

O ator do século XVII...

Pois seguimos....
As aulas são longas e o tempo é curto...muitaaa coisa pra estudar, muita coisa pra pensar e pra ler....se eu conseguir ler tudo o que é “recomendado” em cada aula serei um geniozinho dentro de pouco tempo, mas é óbvio que não é possível (pelo menos não pra quem tem que trabalhar e estudar ao mesmo tempo). Mas aos trancos e barrancos vai!
Vou fazer um post rápido sobre mais uma aula do mestrado.
Bem, o tema do “seminaire” como já foi dito é “o ator e sua modernidade”, hoje, foi focado bem o ator “moderno”, ou então o ator do século XVII, e segundo os historiadores a modernidade começa com o final da Idade Média ( renascença) e vai até o final da revolução francesa em 1789.
destacamos como pensadores dessa modernidade: Descartes, Galileu, Newton...
Esse ator é um ator inédito. Não há como comparar com um ator antigo, que até então eram amadores, profissionais de outras áreas que se propõe a interpretar um papel.
O ator do século XVII passa a refletir em relação ao ofício de ator - constrói o método diante dos outros: propõe o tema, formula as hipóteses e tenta definir. Esse ator tem a sua importância na história porque foi justamente nesse momento em que a profissão de ator passa a existir efetivamente, e aí eles decidem organizarem-se em trupe e passam a fazer contratos registrados por escrivões notários para cada um de seus trâmites. Óbvio as coisas não foram tão simples assim e esses “atores” que começavam a pensar o ofício e a organizar-se em trupe, deixaram de ser mantidos pelo mecenato, e ainda tinham que pagar uma espécie de pedágio aos “confréres de la pasión” (organizações de artesãos que encontram uma oportunidade de ganhar dinheiro cobrando pedágio dessas trupes que vem apresentar-se em Paris). Em seguida, esses atores se rebelaram e em 1641, o rei Louis XIII escreve um documento que delibera: “L´acteur ne peut plus rester à blâme” (O ator não pode mais permanecer na censura), e legaliza a profissão de ator.
Richelieu foi o grande nome, o grande cabeça dessa legalização.
Nesse período fica muito evidente a influência da pintura no trabalho do ator poque ele interpreta ainda, através de códigos. Ele sabe que o ser humano ali retratado passou pelo “modo artístico”. O texto de 1863 de Baudelaire: “Le peintre de la vie moderne” é uma excelente fonte de compreensão dessa relação, embora a definição dele seja paradoxal, pois mescla o eterno e o transitório.
Existe também o uso intenso da retórica, e ainda da poética (como arte da escrita).
Para o ator do século XVII tudo é ligado ao trabalho, ao esforço e a insistência em repetir e ensaiar. Não existe para eles o modo gênio. O trabalho é feito com paixão, compreendendo que paixão é emoção que faz o ser humano vibrar e se repete em todo o sempre. Em verdade, esse ator não sabia muito bem como interpretar, mas ele sabia que não podia ser ele mesmo no palco. Não foi pensado nesse período em uma interpretação orgânica e natural. A base era a palavra.
As coisas mais simples do cotidiano não eram feitas em cena – assoar o nariz, tossir, espirrar, etc – também não se mostrava os seios, o nu, não se morria em cena, tudo por uma questão do nobre, de que o ator tinha que estar no mesmo patamar do público que vai assisti-lo.
O ator desse período é reconhecido como o espelho das pessoas que vão vê-lo. Eles mantinham relação direta com o público e não existia a quarta parede. Interpretavam utilizando todo o espaço e mantinham a fantasia, a ilusão, ganhando o público, que nesse período fazia questão de entregar-se a qualquer coisa de infantil e maravilhoso.
E por último, esse ator do século XVII, estabelecia uma espécie de ligação entre a cosmogonia ( o grande) e o teatro, o social ( o pequeno).
Michel Foucalt escreveu que o ator fabrica no teatro as coisas que os outros fabricam na vida. Ele é uma abertura, um lugar de passagem que permite pensar o mundo presente.

Um pouquinho denso, mas bastante interessante!

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